Mistério do coentro: ciência explica por que algumas pessoas amam e outras odeiam

por | set 12, 2022 | Novidades

De sabor e aroma marcantes, o coentro é amado especialmente nas regiões Norte e Nordeste no Brasil, mas tende a não ser tão popular no restante do País. Na realidade, a erva está longe de ser uma unanimidade em todo mundo e, por isso, chega a ser considerada uma espécie de “tempero da discórdia”.

Quem odeia coentro, por exemplo, geralmente diz que ele tem cheiro e gosto de sabão. E a erva que divide opiniões é tão polêmica que virou até alvo de estudo científico, onde foi descoberto que a rejeição à hortaliça pode, inclusive, estar relacionada a fatores genéticos.

Ódio ao coentro pode ser hereditário

De acordo com artigo publicado na revista “Nature”, o “gosto de sabão” que muita gente diz sentir no coentro tem explicação genética. O periódico aborda um estudo coordenado pelo pesquisador Nicholas Eriksson, da empresa 23andMe, que concluiu que a associação mais forte é com genes de receptores olfativos. Um deles, o OR6A2, está associado a sensibilidade aos aldeídos, compostos químicos que atribuem ao tempero o seu sabor singular.

Coentro
Kris S/Istock

O trabalho científico mostrou que a rejeição ao coentro chega a 21% entre orientais, 17% em quem tem ascendência europeia e 14% entre afrodescendentes. Já entre latino-americanos, indianos e povos do Oriente Médio, o ódio à hortaliça é bem menor, variando entre 3% e 7%.

Não é de hoje, porém, que a aversão ao coentro é hipoteticamente ligada a fatores genéticos. Charles Wysocki, neurocientista comportamental do Monell Chemical Senses Center, diz que pesquisas com centenas de gêmeos realizadas por ele no início dos anos 2000 sugerem que a preferência pelo coentro é influenciada pelos genes.

Coentro picado
Liudmila Chernetska/Istock

Ele descobriu que cerca de 80% dos gêmeos idênticos compartilhavam a mesma preferência pela erva, mas que gêmeos fraternos (que compartilham cerca de metade de seu genoma) concordaram apenas metade das vezes em relação ao gosto pela hortaliça.

Fortes evidências sugerem que há um componente hereditário nas reações que as pessoas têm ao coentro, mas, segundo Erikson, o fator é bastante baixo. O cientista e sua equipe calculam que menos de 10% da preferência pelo coentro se deve a variantes genéticas comuns.

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